terça-feira, 26 de outubro de 2010

sobre a força do olhar

quando ele me olhava, seus olhos me sugavam com toda a força e era necessário que eu me agarrasse bem ao que tivesse por perto - porque eu tinha medo de cair e me perder dentro dele, medo de não querer mais voltar.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

sobre a felicidade

e quando a moça estava feliz, os olhos ficavam com inveja da boca e sorriam também! o mundo ao redor parecia passar tão devagar que era como se a câmera lenta da vida real estivesse ligada especialmente para gravar a luz do instante na eternidade; porque felicidade é o agora que não tem pressa.

sábado, 16 de outubro de 2010

sobre o olhar triste

- o que aconteceu? seu olhar me diz que você tá triste...
- você é muito boba, olhos não falam.

o silêncio reinou por alguns instantes; então a moça o abraçou e disse:

- não chora mais, tá?
- eu não estou chorando!
- mas o seu coração está, você sabe.
- ...e você, como sabe?
- os olhos são os tradutores da linguagem do coração: se o olhar tá triste, o coração tá chorando.
- mas como...
- shh! eu te entendo. o meu coração chorou por muitos anos; você não pode permitir que o seu chore tanto tempo assim, permita que conheça corações mais alegres e pinte, junto com eles, um mundo menos gris.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

sobre sentir-se só

ficar sozinha era ruim, mas sentir-se sozinha era pior ainda; então todos os dias ela gritava o mais alto que podia com esperanças de que alguém, em algum momento, pudesse ouvir e seguir o som - porque naquela casa, a única companhia da moça era o silêncio. o silêncio que entristecia seu coração e a fazia chorar lágrimas que manchavam seu rosto de tristeza.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

sobre a feiura do mundo

o mundo só parece feio porque as pequenas notícias não aparecem nos jornais. o abraço de saudade que a moça deu em seu amor não é publicado, a morte é - porque jornalistas escrevem sobre isso. mas e sobre o abraço, a saudade e o amor, quem escreve? os poetas - especialistas em ver beleza na simplicidade.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

sobre perder alguém

na vida de todas as pessoas há uma família opcional, composta por amigos. quando uma dessas pessoas vai embora, leva consigo um pedacinho de nós - pedacinho que pra sempre ficará vazio de gente, mas cheio de boas lembranças. deixe estar. as flores e o céu confortarão o coração aos poucos; até a dor da perda converter-se em saudade. saudade que não mora no peito e só aparece de visita.

domingo, 3 de outubro de 2010

sobre o amor fugir

e o amor parecia fugir sempre que a via por perto; mas por que ele fazia isso? porque só tem amor quem é digno de ser escolhido por alguém.

sábado, 2 de outubro de 2010

sobre escrever

algumas pessoas escrevem pela arte e acabam criando grandes obras. admiráveis. eu não; escrevo pra encurtar distâncias, pra disfarçar a timidez, pra expressar o sentimento sem medo de gaguejar na hora h - porque a borracha me livra desses constrangimentos; a fala, não.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

sobre mentir

- me diz o que houve, por favor.
- não aconteceu nada. eu juro.

(…) e mentir foi a melhor forma de tentar mudar o foco dos olhares atentos. fingir um sorriso, ainda que torto, foi fácil; difícil foi o coração acreditar que eu estava mesmo fazendo aquilo, por isso me castigou - e foram infinitos minutos de silêncio e solidão em meio à multidão que sorria e festejava.